Dê a quem você ama: Asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar! (Dalai Lama)

09
Jun 11

Não há nada mais down que o final de uma relação, onde ainda existe amor no ar, e acontece em alguma das partes a traição.

O interrogatório do enganado se torna patético, pois se sujeita e sujeita o parceiro a uma competitiva fúria indiscreta.

Onde? Foi em motel? Quando? Com conhecido? Nos dias do dentista? Todos os dias?

A outra parte silencia, para poupar os detalhes que não levam a nada ou fica enfurecida e acaba dando-se por vencida, confessando que o novo amor é: "carinhoso, meigo, lindo, tudo de bom, o oposto do que já vivi contigo".

O traído finalmente tem a resposta que queria ouvir!

Agradece a “sinceridade” e pede então o inverso: "poupe-me dos detalhes sórdidos!".

Bizarro e intenso ritual este que precede o final de um romance, onde existia uma dupla, que virou trio. O passado vira negação, zombaria, mentiras. Invalida totalmente a vida vivida. O presente passa a ser acusação, choro, ameaças.

O interrogatório despe o traído de todo o orgulho, amor-próprio, vaidade, respeito de si mesmo.

Será que depois o atraiçoado se sente melhor? Certamente que não. Quem quer saber que o corpo amado, objeto de paixão, idolatrado, desejado, foi acariciado por outro alguém?
Os suspiros, antes exclusivos aos seus ouvidos, escutados pelo novo amor? Que mágoa danada!

Caso a traição seja da mulher, o filho venerado, que sempre foi a cara do pai, vai pro DNA, mesmo tendo aquele sinal idêntico ao do progenitor na coxa esquerda.
Famílias, amigos, vizinhos, periquitos, papagaios em extinção, são notificados que uma relação tão linda “A-CA-BOU”.

— Quem diria que era só fachada!
— A mim nunca enganou!
Ele sempre teve cara de corno e ela, de vadia.

Vocês não eram santos até bem poucos dias?
Se você vai partir porque já não agüenta mais essa relação, parta sem muita explicação, sem muitas alegorias de rancor, sem adereços de chifres, sem querer buscar razão para si, mesmo que existam cem delas, pois pode querer reverter amanhã esta situação. Nunca mais é coisa de dias, sempre é coisa de momento.

Quanto à traição, se foi sua, diga que traiu só por tesão e seu ato não tem perdão. Assuma que é filho da puta, que já nasceu torto na vida, que seu raciocínio se localiza entre as pernas.

Adeus, “cinco letras que choram”, mesmo que as lágrimas sejam de alívio!

Finais são sempre tristes, mas não necessariamente ridículos.

Casou engomado e vai sair todo rasgado?

Resolveu ficar e recomeçar? Permaneça, mas nada de discursos cômicos, nada de apelação.

Você não está concorrendo a prefeito(a). Já foi eleito. Apenas coloque um som, abra um vinho e diga: 
— Você é, e sempre será minha única paixão!

O amor quebra, cola, perde, acha, acaba, principia, mata, nasce, renasce, se for amor. Amor de fato. Nele não cabe muita teoria, mas sim muito carinho. Com ele virá naturalmente o indulto e a renovação.

— Júlio! Aumenta o som.
— Marta, mais um copo de vinho?
— Dançamos Love  me Tender?   

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Livro «Ui» 

www.rosapena.com                                                                                                         
publicado por LauraBM às 01:07
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10
Jun 10

saudade_casal.jpgNão sei se você também, às vezes, percebe isso: de repente, um assunto qualquer que não costuma ser discutido, invade a mídia, coincidentemente ou não. Pois aconteceu de novo.

Na semana passada, li umas três matérias diferentes sobre o tempo que se leva pra "curar" um amor terminado. E em todas elas o diagnóstico era praticamente igual: de três a seis meses é o tempo considerado normal.

Se depois de um ano de rompimento o sofrimento persistir, passa a ser patologia.

 

Se eu entendi bem, passados 180 dias de ausência daquele que a gente ama, o natural é que a gente comece a se interessar por outras pessoas e deixe de sentir dor.

Em 180 dias, no máximo, você tem que chorar toda a sua perda, processar todo o seu pesar, racionalizar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Seis meses. É o prazo limite, se você tiver uma cabeça saudável.

 

Li, compreendi, achei sensato e confortante, mas não serve pra mim. Sou da raça das patológicas.

Nas poucas vezes em que vivi um trauma de amor, eu extrapolei o prazo dado pelas matérias de revista. Nunca me enfurnei em casa, nunca neguei o chamado da vida, fui à luta e segui vivendo, mas a dor era companheira de jornada, eu curtia um luto branco, que não aparecia para os outros, mas era sagrado pra mim e durava o tempo que eu permitia.

Talvez fosse mais honesto dizer que até hoje sofro todas as minhas perdas.

Isso parece doença porque a maioria das pessoas acha que sofrer significa encharcar travesseiros e fechar-se pra vida. Sofrer e ser feliz não precisam ser incompatíveis. No meu caso, não é.

Sou uma mulher privilegiada, trago as emoções e a cabeça em ordem, mas não esqueço de nada nem de ninguém. Eu me lembro de tudo. Eu valorizo tudo. Eu reverencio todos os meus grandes momentos partilhados. Eu os reconheço como legítimos e insubstituíveis, e os homenageio com minha saudade.

E ai de quem me disser que isso tem data pra acabar.

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12/04/2004

Martha Medeiros

http://almas.terra.com.br/martha/martha.htm

publicado por LauraBM às 16:01
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10
Jun 09

perfume-frs.gifVivemos um equívoco muito sério.
Achamos que temos de ser aprovadas pelos outros para sermos amadas. Não é verdade.
O amor é uma energia que fica impregnada em nossas auras.
E não é o amor ao próximo que atrai mais "próximos", é o amor que temos por nós mesmas.
Se você se aceita, se gosta e tem orgulho do que faz - certo ou errado, não importa porque afinal você faz alguma coisa e quem não estiver contente que venha tomar seu lugar e fazer melhor - então é lógico que vão te amar também.

Quando a gente exala o perfume do amor, da auto-aceitação, da fé em si mesmas, não tem como ser diferente, a gente vive "brilhando" nosso perfume.
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24/09/2005
Claudia Giovanni

publicado por LauraBM às 17:06
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15
Jun 08

mulher_leque.gifO rosto da mulher madura entrou na moldura de meus olhos.
De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.
Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, transborda.

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.
A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.

A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.

A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.
O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.
Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.

Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.
A mulher madura está pronta para algo definitivo.
Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o vôo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.

A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.
Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.
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Affonso Romano de Sant'Ana

publicado por LauraBM às 22:51
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10
Jun 07

mulhernatural.jpgA bem da verdade, não sou essa mulher fatal que você pensa que eu sou. Aquelas histórias de sedução foram todas inventadas e esse ar superior, de quem sabe lidar com a vida, é apenas autodefesa.
Aquelas frases filosóficas, foram só pra te impressionar, pra te passar essa ilusão de intelectual...

Na verdade eu ainda nem sei se acredito nos valores que me ensinaram, quanto mais  em frases feitas e opiniões formadas!

Senta aí, vai! Deixa eu tirar os sapatos, desmanchar o penteado, retirar a maquilhagem... quero te mostrar que assim de perto não sou tão bonita quanto pareço, por isso uso todos esses artifícios. É que no fundo tenho um medo terrível de que você me ache feia,  de que você encontre em mim uma série de imperfeições.
Sabe, não quero mais usar essa máscara de mulher inatingível, de mulher forte com punhos de aço... No íntimo me sinto uma pequena ave indefesa, leve demais para enfrentar o vento, e que deseja ficar no aconchego do ninho e ser mimada até adormecer.
Olha pra mim, às vezes minha intimidade não tem brilho algum e você terá que  me amar muito para suportar essa minha impotência.  Deixa eu tirar o casaco, tirar o cansaço... essa jornada dupla me deixa tão carente...
A convicção de independência afectiva? É tudo mentira! Eu queria mesmo era dividir a cama, a mesa, o banho... Queria dividir os sentimentos, os sonhos, as ilusões... um pedaço de torta, uma xícara de café, algum segredo...

Ah, eu tenho andado por aí, tenho sido tantas mulheres que não sou! Quantas vezes me inventei e até me convenci da minha identidade.
Administrei minha liberdade. Tomei aviões, tomei whisky... troquei a lâmpada,  abri sozinha o fecho do vestido... decidi o meu destino com tanta segurança! Mas não previ que na linha da  minha vida estivesse demarcada uma paixão inesperada.
Agora, cá estou eu, toda atrapalhada,  um cruzar de pernas diferente,  um olhar mais grave, um molhar de lábios sensual...  mas não sei direito o que fazer para agradar.  Confesso que isso me cansa um pouco. Queria mesmo era falar de todos os meus medos,  "dos seus medos?" você diria, como se eu nunca tivesse temido nada. Queria te falar das minhas marcas de infância,  dos animais que tive,  do meu primeiro dia de aula...queria falar dessas coisas mais elementares, e te levar na casa da minha mãe,  te mostrar meu álbum de retrato(Eu, me equilibrando nos primeiros passos); ah, queria te mostrar minha primeira bicicleta -  Ela ainda existe!                  
Queria te mostrar as árvores que eu plantei (Como elas cresceram!) e todas essas coisas que são tão importantes pra mim e tão insignificantes aos outros.

Ah, você queria falar alguma coisa? Está bem! Antes, só mais uma coisinha:  Estou morrendo de medo que você saia  desta cena antes de mim,  que você saia à francesa desta história,  e eu tenha que recolocar minha máscara e me reinventar, outra vez...

Quantas e quantas vezes,  nós mulheres queremos apenas nos mostrar do jeitinho que somos...
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28/06/2002                          
Recebido via Internet, s/autoria

publicado por LauraBM às 19:28
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10
Jun 06

Anna Veronica Mautner @ -
amautner@uol.com.br  http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2701200501.htm

Há tempo (põe tempo nisso) namoro a ideia de parar de tingir meus cabelos. No fim do ano decidi. Já pensando nisso, há mais de dez anos, troquei a tinta por colorante, imaginando que, quando o dia chegasse, o colorido fosse se esvaindo, deixando o branco ou o grisalho emergir naturalmente.
Pensava eu tratar-se de uma decisão de foro íntimo. Mas que nada! Não ouvi nenhuma palavra de apoio nem da família, nem de amigos, nem de conhecidos: "Você não pode!". "Não combina!". "Grisalho não é jovial!". "Branco põe para baixo!". Na minha santa ingenuidade, não atinava que estava afrontando um tabu. Entendi que a mulher não pode ser grisalha, mas no homem isso é charme e distinção. Existem brancos azulados, bem tratados, que inspiram respeito e até veneração. São os da matriarca, da veneranda chefe de família que ostenta um poder, mas não os da sexualidade.
Exibir os cabelos grisalhos é ostentar a fêmea morta no corpo vivo de uma mulher: é tabu

A questão não está apenas em "aparentar idade" - há quem defenda as rugas. Mas a transformação natural dos cabelos com a idade é uma afronta. Não chega a ser crime, mas senti que estava perto de cometer uma transgressão. Um homem - inteligente e humanista- chegou a enunciar, com todas as letras, que mulher não pode deixar de pintar os cabelos. "Põe uma hena", disse ele. E eu aqui pergunto a mim e a você: por quê?
Olhando a minha volta, só vejo cabelos tintos. É bem verdade que meu círculo de amizades inclui poucas figuras estilo "vovozinha". Minhas amigas são profissionais, além de mães e avós. Conheço algumas excepções, mas elas chamam mais atenção e atraem mais comentários desairosos do que uma "vamp". Escrevo esta coluna em 22 de janeiro. Veraneando à beira-mar desde 23 de dezembro, estou com os cabelos descolorados, de um jeito desgrenhado, caminhando para o grisalho e, portanto, a caminho de uma auto-exclusão social. Trata-se de uma condenação cruel. Podemos envelhecer, mas não tentar nem disfarçar é descaso.
Ostentar a fêmea morta no corpo vivo de uma mulher é tabu. Os homens grisalhos são charmosos, enquanto as mulheres grisalhas parecem lembrar alguma coisa da qual todos queremos esquecer. O cabelo grisalho parece remeter a alguma "cena temida" que conhecemos, mas não queremos rever.
Um colega baiano com o qual eu comentava minha desdita me contou um ditado local. Segundo ele, pêlos pubianos grisalhos, lá no sertão, eram o primeiro sinal de impotência senil.
A voz desse povo pode ser aquela que está me forçando a continuar a tingir os cabelos. Lembrei-me ainda do livro "Amêndoa", da autora muçulmana Nejdma, no qual a personagem principal relata sua dificuldade ao reencontrar um antigo amante. Dizia ela que o que mais a amedrontava em voltar para a cama com ele, 30 anos depois, era sua púbis esbranquiçada e rala. Será que vale para nós também? O grisalho é, sem dúvida, um movimento entre a cor e o branco. Ostentar o grisalho seria uma confissão de deserotização? Mas e o grisalho na cabeça do homem, por que pode? Tenho muitas questões e poucas certezas.
Continuando a pensar, parece-me pouco frequente (se é que existe) a imagem de uma púbis envelhecida na iconografia universal. Na pornografia é claro que não há, mas nem nas belas-artes me lembro de ter visto - e na história da humanidade a maioria dos pintores é de homem. Não tenho respostas, aceito contribuições. Dentro de dois dias tingirei meus cabelos. Se a cena é temida, abdico de agredir meus semelhantes com a minha presença.
A experiência foi válida. Conheci na pele o que é pretender quebrar um tabu e, ao mesmo tempo, conheci um tabu que eu não sabia que existia.
ANNA VERONICA MAUTNER é psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e autora de "Cotidiano nas Entrelinhas" (ed. Ágora).
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São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 2005
Anna Veronica Mautner @ -
amautner@uol.com.br  http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2701200501.htm
 

NOTA:
Este texto foi-me repassado por uma amiga.
Respondi para a autora o seguinte, a meu respeito:

 

A feminilidade não é branca - mas os meus cabelos são de prata!

Foto aos 42 anos - Anúncio para farmácias

 

Laura_anuncio1983.jpgOlá, Anna Veronica Mautner.
Esta sua crónica foi-me transmitida por uma amiga da Internet.
Gostei de ler, sim senhor, mas a realidade é que, como pode ver, sou uma portuguesa bem disposta e de cabelos grisalhos.
Em Portugal costumamos dizer «cabelo sal e pimenta».
Começou por uma madeixa branca, mesmo na testa que parecia pintada.
Foi-se espalhando... e jamais pintei os meus cabelos.
O meu marido também tem o dele assim, sal e pimenta.

Nunca achei que valesse a pena enganar alguém, nem o mundo, nem a mim mesma.
Sou assim e pronto.
Eu mesma corto e arranjo o meu cabelo. Há mais de 30 anos que não piso num cabeleireiro.
Não me sinto diminuída por causa da cor dos cabelos e faço bom uso dos penteados que sei executar.
Quando o cabelo ficou mais branco, o que fiz foi evitar usar nas roupas e calçado as cores castanhas; passei aos tons de cinza que me ficam agora melhor.
Uso e abuso dos vermelhos e cor de vinho ou beringela porque ligam com o tom dos cabelos.

Pronto, era só isto que lhe queria dizer.
Por altura dos meus 42 anos, em que eu fazia alguns anúncios para revistas e TV, era sempre contratada para papéis de antes da pintura dos cabelos e para papéis de mulher de meia idade por causa de os usar sem pintura alguma.
Após os «castings», eu ganhava tudo porque as agências só encontravam mulheres da minha idade com cabelos pintados. Tinha imensa graça. Quando queriam alguém com cabelos sal e pimenta e ar jovial, lá ia eu.
Perdi um anúncio muitíssimo bem pago porque era preciso pintar o cabelo para filmar o «antes e depois» das tintas.

 Recusei e disse-lhes que não havia dinheiro que pagasse a prata dos meus cabelos naturais. hihihihihihi
Ficaram de boca aberta!

Cumprimentos e pode visitar os meus 20 blogs, se assim o desejar.
Terei muito gosto em ver por lá os seus comentários.
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25/04/2005
Laura B. Martins
http://almasdemulheres.blogs.sapo.pt

publicado por LauraBM às 16:03
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06
Jun 06

Mulher_toalhatapar.gif"Se uma memória restou das festinhas e reuniões de familiares da minha infância, foi a divisão sexual entre os convivas: mulheres de um lado, homens do outro.
Não sei se hoje isso ainda ocorre. Sou anti-social ao ponto de não frequentar qualquer evento com mais de 4 pessoas, o que não me credencia a emitir juízo.
Mas era assim que a coisa rolava naqueles tempos.
Tive uma infância feliz: sempre fui considerado esquisito, estranho e solitário, o que me permitia ficar quieto observando a paisagem.

Bom, rapidinho verifiquei que o apartheid sexual ia muito além das diferenças anatómicas.
A fronteira era determinada pelos pontos de vista, atitude e prioridades.
Explico: no "córner" masculino imperava o embate das comparações e disputas. "Meu carro é mais potente, minha TV é mais moderna, meu salário é maior, a vista do meu apartamento é melhor, meu time é mais forte, eu dou 3 por noite" e outras cascatas típicas da macheza latina.

Já no "córner" oposto, respirava- se outro ar. As opiniões eram quase sempre ligadas ao sentir. Falava- se de sentimentos, frustrações e recalques com uma falta de cerimónia que me deliciava.
Os maridos preferiam classificar aquele ti-ti-ti como fofoca. Discordo.
Destas reminiscências infantis veio a minha total e irrestrita paixão pelas mulheres.

Constatem, é fácil.
Enquanto o homem vem ao mundo completamente cru, frequentando e levando bomba no be-a-bá da vida, as mulheres já chegam na metade do segundo grau.
Qualquer menina de 2 ou 3 anos já tem preocupações de ordem prática.
Ela brinca de casinha e aprende a dar um pouco de ordem nas coisas.
Ela pede uma bonequinha que chama de filha e da qual cuida, instintivamente, como qualquer mãe veterana.
Ela fala em namoro mesmo sem ter uma ideia muito clara do que vem a ser isso.
Em outras palavras, ela já chega sabendo. E o que não sabe, intui.

Já com os homens a historia é outra.
Você já viu um menino dessa idade brincando de executivo?
Já ouviu falar de algum moleque fingindo ir ao banco pagar as contas?
Já presenciou um bando de meninos fingindo estar preocupados com a entrega da declaração do Imposto de Renda?
Não, nunca viram e nem verão. Porque o homem nasce, vive e morre uma existência infanto-juvenil.
O que varia ao longo da vida é o preço dos brinquedos.

Aí reside a maior diferença.
O que para as meninas é treino para a vida, para os meninos é fantasia, e competição.
Então a fuga os acompanha o resto da vida, e não percebem quanto tempo eles perdem com seus medos.

Falo sem o menor pudor. Sou assim. Todo homem é assim.
Em relação ao relacionamento homem/mulher, sempre me considerei um privilegiado.
Sempre consegui enxergar a beleza física feminina mesmo onde, segundo os critérios estéticos vigentes, ela inexistia.

Porque toda mulher é linda.
Se não no todo, pelo menos em algum detalhe. É só saber olhar. Todas tem sua graça.
E embora contaminado pela irreversível herança genética que me faz idolatrar os ícones de cafajestismo, sempre me apaixonei perdidamente por todas as incautas que se aproximaram de mim.
Incautas não por serem ingénuas, mas por acreditarem.
Porque toda mulher acredita firmemente na possibilidade do homem ideal.
E esse é o seu único defeito.
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7/11/2004
Sérgio Gonçalves
redactor da Loducca, publicado no jornal da agência.

publicado por LauraBM às 23:55
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23
Jun 05

Olhos_lindos.gif

Queres saber minha idade?
Olha dentro dos meus olhos profundamente, docemente!
Verás tudo o que imaginares!..
Não uma alma cansada, não uma mulher madura,
não quem perdeu a esperança, não quem a insónia não deixou dormir!

Antes, uma criança que corre pelos prados atrás das borboletas,
dos gamos e gazelas, de tudo que lhe dá vida!
Do cheiro do alecrim, das flores esparsas
como  um tapete de relva que seus pezinhos palmilham...

Antes, alegria rejuvenescida, vontade de viver, jovem como é!..
Nunca me perguntes minha idade! Não a tenho!
Podes me dar à que quiseres. Não me importo não!..
Se esse corpo de hoje está diferente, a alma, essa, nunca mudou e nem mudará!

Não é uma alma atribulada, plena de dor e desamor!
É uma alma cheia de encantamentos,
para te dar muito amor que só conhecem os que amam,
os que ainda correm atrás de seus sonhos,
atrás dos beija-flores, do canto das cigarras,
do sol que já desponta, e da tarde que se vai.

Tudo isso é a minha idade,
junto a todo o amor que sinto por mim e por ti.
Sim, porque preciso me amar também.
Dar-me um pouco de calor, para aquecer esse meu abraço que é só teu e meu.
Se quiseres, ainda, saber a minha idade,
olha, dentro dos meus olhos e lá verás a Idade do Amor!..
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23/09/2005
Eda Carneiro da Rocha
www.albumpoeticoeda.com.br

publicado por LauraBM às 22:53
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R O D A P É

TELEFONES S.O.S.

"Vítimas de violência"

Números nacionais:
- SOS Mulher 808 200 175 (Linha Azul)
- Informação Mulher Vítima de Violência: 800 202 148
- Solidariedade à Mulher : 808 202 710

Lisboa:
- APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima: 21 888 4732
- Solidariedade à Mulher : 808 202 710
- UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta):

Rua de São Lázaro, 111 - 1.º Dto. Telefone: +351 1 886 79 86 - Fax: +351 1 886 70 90

Coimbra:
- S.O.S. Mulher/ Fundação Bissaya Barreto: 239 832073
- APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima: 239 702363 - www.apav.pt

Sintra:
- Informação à Mulher: 21 916 1404

Açores:

- SOS Mulher Angra do Heroísmo

- Rua Álvaro Martins Homem, 12 - 9700 - 017 Angra do Heroísmo - Telefone: 295 217860 Fax: 295 217 837

Ponta Delgada - 296 283221
- UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta):

Ponta Delgada - Rua de São João, 33 A - 2º 9500 - 107 Ponta Delgada Telefone/Fax: 296 283 221

"Gravidez e Planeamento Familiar"
- Solidariedade à Mulher/Gravidez não desejada: 808 202 710
- Lisboa - S.O.S. Grávida/ informação e apoio: 21 395 2143
- Lisboa - Despedimentos por Gravidez: 21 796 4027

"Suicídio"
- Telefone da Amizade - Angústia, solidão e prevenção suicídio: 800 205 535

Lisboa - Centro S.O.S. - Voz Amiga: 21 3544 545 - Das 16h às 07 horas

Ajuda na solidão, angústia, desespero e prevenção do suicídio.
Viseu - Telefone S.O.S. Palavra Amiga das 21h à 1 hora (032) 424282
Coimbra - Telefone S.O.S. Telefone Amigo das 16h à 1 hora: (039) 721010 - Prevenção do suicídio

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